sexta-feira, 20 de maio de 2011

Perdida no tempo...



Quando entrei na sala, no primeiro andar daquela Quinta perdida no meio da Serra, senti o cheiro a bolo quente. Observei as paredes altas forradas a livros, a lareira, as estantes cheias de objectos, de épocas diferentes, os tapetes coloridos, senti que nada fazia sentido individualmente mas que tudo em conjunto fazia um sentido. Lembrei-me das aulas de História da Arte, pensei como se classificaria esta sala se fosse uma obra plástica?
Parecia que ali o tempo tinha parado. Fui observando objecto a objecto, enquanto bebia chá e comia bolo, ainda morno, saboreando as maçãs e as passas do seu recheio.
O piano, até esse momento sòzinho, recebeu a companhia da dona da casa. Era uma senhora de idade indeterminada, vestida como se fosse dar um recital, com um tailleur e camisa de longos punhos brancos de folhos, a condizer com os sapatos também brancos. Começou a tocar, “primeiro para a exercitar os dedos”, como comentou.
“Gostam de Debussy”, perguntou. E continuou,  enquanto eu absorvia a energia que aquela sala me transmitia.
Era uma energia muito positiva. Positiva pela descoberta, por um certo “kitsch” ou “nonsense” que me atraía, pela descoberta de um lugar perdido no tempo. Mas também senti uma certa nostalgia, tristeza, talvez por algumas memórias que me lembraram tempos passados.   
E embalada pela melodia das notas do piano pensei, se estivesse um dia de sol, tudo então seria perfeito!

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