O baloiço vive no quintal, com as suas bonitas cordas de sisal suspensas numa parreira, e os nós meio desfeitos a agarrar a madeira de pinho envelhecida pelo tempo.
O baloiço já viu passar muitos verões, já viu passar muitos invernos, muita chuva, muito sol, já viu a parreira dar uvas e sombra, já assistiu à queda das suas folhas. Anos e anos no mesmo local, sem se poder mover.
Ele que já foi livre há muito tempo, quando não vivia agarrado à parreira, quando ia passear para o pinhal, quando o seu dono atirava as suas cordas para o suspender num pinheiro e fazer as alegrias da criançada. Belos tempos!
Essas crianças cresceram e o baloiço veio parar a este quintal, passou aí a viver.
Então vieram novas crianças para com ele brincar e durante vários anos foi feliz novamente, porque tinha sempre companhia. As crianças e todos os amigos lutavam por ele, queriam ir cada vez mais alto, dias e dias a fio.
-Empurra com mais força! Era o que mais se ouvia dizer!
Mas os anos passaram , essas crianças também cresceram e agora ele está sòzinho, velho e triste.
Restam-lhe as recordações e a esperança de que as crianças que já cresceram lhe arranjem novas companhias!
Fernanda Lamelas
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